Curiosidade

  • Porthus Marianni

 

Porthus Marianni.

Pseudônimo de Lycurgo Negrão.

Poeta da Academia de Letras dos Campos Gerais.

 

Sua paixão por Guaragi vai além de seus textos poéticos.

Em 1967, deu início aos trabalhos da Fundação Educacional Pestalozzi, que tem como finalidade contribuir para formação moral, cívica, cultural e religiosa da família.

O princípio da organização segundo, Lycurgo Negrão é a solidariedade humana e cristã, a reverência a vida e participação comunitária.

Com seu jeito de "vô", pesquisou e escreveu inúmeros poemas sobre Guaragi, suas curiosidades, causos e lendas. Mas sua principal fonte de inspiração, sem dúvida é a Fonte do Bicão.

 

 

  • Guaragi

 

Povoado que surgiu duma pousada

a beira duma fonte.

 

 

Existiu antigamente

um povoado,

demarcado por audazes bandeirantes

no romântico recanto

de uma fonte.

 

A beleza da paisagem circundante,

sobre pinheirais soberbos, se estendia

de horizonte a horizonte, magestosamente,

descortinando - uma bela vista.

 

( Bela Vista, fortim da conquista de

Guarapuava, Ficou reduzida ao distrito

pontagrossense de Guaragi).

 

Mas, a Fonte do Bicão, continua a mesma.

E nas noites de plenilúnio, quando o

                                        Guaraúna

Namora, embevecido, a pálida Selene.

O Bicão se transforma, fantasticamente,

numa pousada de sombras do passado.

 

Sombras que se agitam, esbatidas,

à claridade argêntea do luar...

Impávido heroísmo de Bela Vista,

glórias imarcecíveis de Entre Rios,

história de dois séculos - Guaragi.

 

Guaragi - 1970

Porthus Marianni

Foto Porthus Marianni 1971 - Fonte do Bicão

 

  • A Pousada Bem-Querente

 

Audazes sertanistas fundaram no ano

de 1971 o povoado de Bela Vista, numa

clareira da floresta, junto à Fonte

do Bicão.

 

O tranquilo Rincão da Soledade

que abriga a velha Fonte do Bicão,

é um recanto jardim, de amenidade,

que muita paz transmite ao coração.

 

Ali vicejam flores  orvalhadas

pelas gotículas d'água do Bicão,

lindas flores silvestres, variegadas,

espalhadas a mãos cheias pelo chão.

 

Índios, bandeirantes, antigamente

na silente acolhida do Bicão,

buscavam a pousada bem-querente,

repousando das canseiras do sertão.

 

De pousada, surgiu naturalmente,

bela e florescente povoação:

a nossa Guaragi, que realmente,

teve por berço a Fonte do Bicão.

 

Guaragi - 1969

Porthus Marianni

 

 

 

  • ENTREVISTA: Leonardo Matias – o “Pelé”

 

54 anos de boteco no Guaragi

 

 

CRÉDITO DAS FOTOS: Hugo Harada

 

Por Danilo Kossoski

Publicado originalmente no Jornal da Manhã de Ponta Grossa, edição de 11/07/2010

 

No trajeto entre Ponta Grossa e Irati, um bar se destaca ao lado da rodovia, no Distrito de Guaragi. O “Bar e Petiscaria do Pelé” só não é mais conhecido que o próprio dono. Leonardo Matias é chamado por todos de “Pelé”, e é personagem quase folclórico no Guaragi e na região. Com 54 anos de boteco, ele tem várias histórias para contar, viu as mudanças do lugarejo e ganhou a simpatia de muita gente. Com seu inseparável chapéu, bom humor e educação, Pelé falou com simplicidade e simpatia sobre um pouco de sua vida e de por que ganhou tanta fama, sendo apenas mais um dono de bar.

 

Jornal da Manhã: O seu nome é Leonardo Matias, mas tem alguém que te chama de Leonardo?

Pelé: Não tem. É só por apelido. Só Pelé mesmo. Os caminhoneiros me apelidaram, na época, quando eu tinha uns 17 anos, e era meio parecido com o jogador. O povão, que quer bem a gente barbaridade, aceitou. E ficou o apelido. Eu jogava futebol também. E aqui tinha bons times. Guaragi foi campeão da ‘Taça Varzeana’.

 

JM: Você é nascido no Guaragi? Viu muitas mudanças na região?

Pelé: Eu sou nascido no Roxo Roiz [lugarejo distante poucos quilômetros]. Em 1949 viemos pra cá para que eu entrasse na escola. Vi muitas mudanças. Inclusive, tudo isso aqui era estrada de chão. Depois, na época do Geraldinho [ex-vereador Geraldo Woyciechowski], foi feito asfalto aí. E antes era só tapera e depois veio nome de rua também. Até uma época, lá por 1954, Guaragi pertencia para Palmeira e a divisa era o rio.

 

JM: E como surgiu a ideia de ser dono de bar?

Pelé: Eu trabalhei 14 anos com o Edmundo Zagobinski [dono de outro boteco a poucos quarteirões] e em 1970 vim pra cá. E fiquei até agora. Há quase 40 anos estou aqui na bodega. Quando o Edmundo me indenizou, disse: ‘Olha, você já tem prática, e o povo já te quer bem... Pegue o dinheiro que vou te dar e monte um negócio’. E daí o rapaz dono do imóvel tava saindo daqui, e eu comprei o ponto. No começo foi duro, mas aí povão veio tudo comigo. Eu tinha 38 anos, e já era bastante conhecido. Imagine agora... Neste mês agora eu faço 70 anos!

 

JM: O seu nome é o mais conhecido na região. De onde vem essa fama?

Pelé: Sou o mais conhecido de tudo mundo. Por causa da minha experiência. Informação é só comigo. Tenho muita amizade com os oficiais de justiça do fórum, por exemplo. Quando eles têm que entregar intimação, e precisam saber onde a pessoa mora, é comigo que buscam a informação. Mas também sou muito conhecido porque trabalhei 25 anos em telecomunicações. Antes aqui no Guaragi não tinha telefone. Só tinha telefone aqui no boteco. Pra dar recado, era sempre comigo. Até 1996 foi assim. As mulheres, quando iam ter nenezinho, era eu que ligava pra chamar a ambulância. Inclusive, quando eu vim pra cá, em 1970, eu tinha oitenta compadres aqui no Guaragi. Por causa das telecomunicações. Eu fazia favor pra todo mundo. Pra começar, nascimento de criança só acontecia em dia de chuva, e os caras não tinham dinheiro, pediam emprestado, eu emprestava pra que ele levassem a mulher na maternidade. Mas, além disso, o principal motivo da fama é a humildade. Tem que ser humilde e alegrinho. Ser simples toda vida, saber tratar bem as pessoas. Perguntam uma coisa pra gente e a gente responde direitinho.

 

JM: Mas já não teve que expulsar gente do teu bar?

Pelé: Expulsar não... mas botar conselho. Dizendo ‘não faça assim, que não presta. Amanhã você vai querer voltar aqui’. E o pessoal aqui normalmente é tranquilo. Querem saber mesmo de comer um lambari fresquinho que eu e a Marli [esposa] pescamos.

 

JM: Há tanto tempo nessa região, surgiram muitas histórias. Conte alguma história curiosa.

Pelé: Uma época... nós fomos pescar no Rio Guaraúna quando a estrada era de chão ainda. E teve um rapaz, o Vasco, que o trem passou por cima do rapaz, quando ele caiu no meio do trilho da ponte de madeira. E o trem vinha de São Paulo, passou por cima, e não matou o rapaizinho. Arrebentou só a cinta do rapaz. O piá nem se machucou. Outra vez esse mesmo rapaz caiu num poço, soltando papagaio, e se sumiu no poço. E não aconteceu nada com ele. E o pai dele era o coveiro aqui na época. O pai dele que fazia as sepulturas. E como essa tem bastante história...

 

JM: Sempre gostou do Guaragi?

Pelé: Sempre gostei, e criei as crianças aqui. E agora não adianta querer sair daqui. Os filhos todos cresceram e vão embora também. Eu tive, do primeiro casamento, cinco filhos. No segundo, dois. Uma menina e o ‘Pelezinho’, que é o que foi jogador de futebol no Serrano e no Operário. Agora ele está em Curitiba. O último time que ele estava jogando era o Santa Paula. Ele gostava de futebol desde pequenininho. Saía da escola e ia pro campinho.

 

JM: E o que falta por aqui, na sua opinião?

Pelé: Esse é problema... Posto policial nós temos, mas não tem delegado. Os soldados vêm aqui todo dia, mas não tem delegado. Problema também é o posto de saúde, que numa época tem médico e de repente já não tem. O serviço de correio agora chega direto na escola, onde entregam as correspondências pras pessoas. Farmácia também não tem... e precisava. Você recebe a receita no posto de saúde, mas tem que ir lá pra cidade pra comprar o remédio. Ambulância e banco também fazem falta. Por parte da Prefeitura falta muita coisa aqui.

 

Perfil: Pelé tem quase 70 anos, 54 deles trabalhando em boteco. Abre o estabelecimento todo dia, 365 dias por ano, num lugar que funciona como bar, mercearia, balcão de informações e ponto turístico. Gosta de pescar, jogar conversa fora, e auxiliar pescadores mal sucedidos. “O pescador, quando não pega peixe, vem aqui e compra uma baciada de lambari. Volta pra casa dizendo pra mulher que foi ele quem pescou”, diz, solidário.

 

FOTO: Pelé já foi citado em livros, jornais e revistas; mas seu nome mais conhecido mesmo porque seu bar é ponto de referência na região

CRÉDITO DAS FOTOS: Hugo Harada

 

 

 

 

  •  CERIMÔNIAS DE CASAMENTO

                                             

As cerimônias de casamento do caboclo, do povo negro e das famílias de colonos italianos, poloneses e alemães são bem parecidas. O que diferencia, são os gastos que dependem da situação financeira de cada família. Não importa a religião.

O único povo que preserva a sua tradição até os dias de hoje, são os russos da Colônia Santa Cruz, pertencente ao Distrito. Na primeira semana do casamento russo, todas as russas solteiras vão fazer festa na casa da noiva. Na segunda semana, os casados vão fazer festa na casa do noivo. No dia do casamento, carregam a mãe da noiva no carrinho de mão e depois saem para tirar fotos em lugares bonitos e especiais para a família. Na noite do casamento as meninas cantam e os meninos pagam para beijar as russas solteiras. As despesas do casamento ficam por conta da família do noivo. Depois de casado, o homem deixa a barba crescer e a mulher passa a usar lenço na cabeça.

Depoimento da russa kira Burcoff, em entrevista concedida à candidata Elaine Cruz,para o concurso Rainha Do Colono/2007.

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